Escola de formação de professores/PNAIC - Cametá |
O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic) garantiu
benefícios que vão além da alfabetização e do letramento dos alunos até
os oito anos de idade. Esta é a conclusão de secretários municipais de
educação que estiveram reunidos na segunda-feira, 6, e nesta terça, 7,
na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, para participar do 2º
Seminário de Integração de Saberes em Linguagem e Matemática. Durante
dois dias, os 750 participantes do encontro discutiram as ações do
programa em 2014 e os desafios para 2015.
“O pacto mudou tanto a nossa mentalidade que chegamos a transformar
uma antiga escola municipal em um centro de formação continuada para
todos os professores da rede pública”, conta Gilmar Pereira da Silva,
secretário de educação de Cametá, município do nordeste paraense, a 200
quilômetros de Belém. Com população estimada em 129 mil habitantes e
economia baseada na pesca e na agricultura familiar, Cametá tem 37 mil
alunos no ensino fundamental, dez mil deles em turmas do primeiro ao
terceiro ano.
Com uma rede pulverizada, já que 80% das 240 escolas ficam em ilhas
ou ao longo das estradas, o município tem 500 barcos no transporte
escolar para garantir o acesso à educação. “Apesar dessas distâncias,
todos os professores têm uma mesma preocupação: o acesso a uma formação
continuada, a fim de melhorar o próprio desempenho para que os
estudantes saiam da escola sabendo ler e escrever corretamente”, diz
Silva. “O sucesso da formação dos professores alfabetizadores é tal que
os docentes dos outros anos nos pressionaram para também receber
formação continuada; daí termos criado a escola de formação de
professores, que vai atender a todos.”
Compromisso — Também em Senador José Porfírio, a 1,5
mil quilômetros de Belém — exige viagem de 12 quilômetros por rio e
outros 48 em estrada para chegar a Altamira, no oeste paraense —, o
Pnaic alterou o comportamento dos professores. Assim como Cametá, as
bases da economia são a pesca e a agricultura familiar. O município tem
cerca de 14 mil habitantes e 4.522 alunos no ensino fundamental, dos
quais 1.235 em turmas do primeiro ao terceiro ano.
Segundo a secretária municipal de educação, Márcia Cabral de
Vasconcelos, antes da formação oferecida pelo pacto, os professores não
se preocupavam em fazer avaliação mensal ou elaborar fichas de
acompanhamento dos alunos. “Agora, eles estão realmente comprometidos
com a missão de ensinar a criança a ser alfabetizada em português e em
matemática”, afirma. “E estão com o foco na aprendizagem, ou seja, que
ela passe de ano tendo adquirido as habilidades próprias à idade, e não
mais que ela passe de ano por passar.”
Já em Ipixuna do Pará, distante 230 quilômetros de Belém, o Pnaic
provocou “uma verdadeira revolução, visível, principalmente, nas escolas
do campo”, segundo o professor de matemática Marcos Antonio Reis
Oliveira, secretário municipal de educação. O município tem
aproximadamente 56 mil habitantes, que vivem da agricultura familiar em
domínios e assentamentos ao largo da bacia do Rio Capim, no nordeste do
estado. Dos 13,5 mil estudantes matriculados na rede municipal de
educação, 1.253 estão nos três primeiros anos.
Com um índice de 49% de analfabetos no município, Ipixuna do Pará tem
no pacto não apenas um programa, mas a solução para o sistema
educacional, já que sua metodologia foi adaptada a todo o ensino
fundamental e à educação de jovens e adultos. A estratégia foi tão
bem-sucedida que, em 2014, numa turma de 25 alunos de primeiro ano, 18
já estavam alfabetizados no fim do ano letivo.
“O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa
mexeu na realidade dos alunos e dos professores”, afirma o secretário.
“Ele ensinou os docentes a trabalhar com atividades diferenciadas, a ter
uma nova maneira de ensinar, e os alunos passaram a ter aulas
agradáveis e estimulantes, o que diminuiu os índices de evasão.”
Segundo Oliveira, uma professora orgulha-se em dizer que se
transformou em uma profissional completamente diferente depois da
formação do programa. “Ela chegou a sair da escola com os alunos para
fazer compras no supermercado e, de volta, continuou a aula de
matemática na cozinha, fazendo a receita de um bolo com eles, ao mesmo
tempo em que ensinava fração e outras operações.”
Fonte: Portal do MEC